O crime ocorreu na frente do filho de 15 anos da vítima, além da mãe da mulher, que presenciou a violência
A Justiça de Indaial, no Vale do Itajaí, condenou na última terça-feira (15) um homem de 40 anos a 18 anos e 11 meses de prisão em regime fechado por tentativa de feminicídio. O réu foi responsabilizado por um ataque brutal que deixou paraplégica Suelen Aparecida de Melo, sua ex-companheira e mãe de seus cinco filhos.
O crime aconteceu em fevereiro de 2024, quando Suelen, então com 31 anos, foi surpreendida em casa pelo agressor, que havia se deslocado de São Paulo até Indaial. De acordo com o Ministério Público de Santa Catarina, ele entrou na residência, a estrangulou, a arrastou até a sala e desferiu ao menos quatro golpes de faca. O filho mais velho do casal, de 15 anos, presenciou todo o ataque e tentou impedir as agressões. A mãe de Suelen também foi agredida ao tentar intervir.

Suelen foi levada em estado grave ao Hospital de Indaial, passou por cirurgias e permaneceu 13 dias na UTI. Ao despertar do coma, descobriu que não sentia as pernas. Exames confirmaram a paraplegia. O agressor fugiu após o crime, mas foi preso ainda no mesmo dia e, desde então, estava detido preventivamente no Presídio Regional de Blumenau.
A sessão do Tribunal do Júri durou mais de 10 horas e contou com o depoimento da vítima, que acompanhou toda a audiência. O Ministério Público sustentou que o ataque teve motivação passional e destacou a semelhança com o caso de Maria da Penha, que também ficou paraplégica após sofrer violência do então companheiro.
“A atuação do Ministério Público buscou garantir que um crime tão grave não ficasse impune”, afirmou a promotora Patrícia Castellem Strebe. Para a mãe de Suelen, a sentença representa um alívio. “A saúde da minha filha não volta, mas ao menos houve justiça”, declarou Rosângela de Melo.
Suelen hoje vive em uma cadeira de rodas, com auxílio de pensão por invalidez e ajuda de familiares. O imóvel onde mora, no bairro Warnow, precisou ser adaptado. Apesar das limitações, ela decidiu tornar sua história pública como forma de alerta.
“Eu tinha uma medida protetiva, mas retirei por ele ser pai dos meus filhos. No fim, quem ficou marcada fui eu. Por isso digo às mulheres: se protejam”, declarou Suelen.

A condenação é mais um lembrete da urgência em combater a violência doméstica e apoiar mulheres em situação de vulnerabilidade. A história de Suelen reforça o impacto devastador que esses crimes causam, não apenas fisicamente, mas emocionalmente e socialmente.