domingo, junho 8, 2025
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Histórias de superação marcam Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo

Dados preocupantes reforçam a importância da prevenção e do tratamento; em Balneário Camboriú, o CAPS AD oferece apoio a quem busca uma nova chance

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O alcoolismo e o uso de drogas fazem parte da realidade de milhares de brasileiros e deixam marcas profundas na vida de quem sofre com a dependência e de seus familiares. Em alusão ao Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, lembrado nesta quinta-feira (20), especialistas reforçam a necessidade de prevenção e apoio no tratamento.

João (nome fictício), de 73 anos, morador de Balneário Camboriú, sentiu na pele os efeitos devastadores do alcoolismo. O que começou com pequenas doses diárias de vodka e cerveja, evoluiu para uma condição que afetou sua saúde e suas relações. Os tremores e a falta de coordenação motora o afastaram até mesmo dos passeios diários com seu cachorro. “Estive na iminência de perder a companheira e o lar”, admite.

O caso de João não é isolado. Dados do Ministério da Saúde apontam um aumento preocupante no consumo abusivo de álcool. De acordo com o relatório da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas (VIGITEL Brasil 2023), o número de pessoas que bebem em excesso subiu de 18,4% para 20,8% entre 2021 e 2023.

Diante da piora na saúde e incentivado pela esposa, João procurou ajuda no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) de Balneário Camboriú. Após um período de resistência, aceitou a internação em um Centro de Tratamento (CT) e, desde então, mantém a abstinência com o suporte dos serviços de psicologia e psiquiatria do CAPS AD. “Sem esse apoio, eu não teria conseguido”, afirma.

Drogas e as consequências irreversíveis

Além do álcool, o uso de drogas também preocupa. Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas, cerca de 292 milhões de pessoas consumiram substâncias ilícitas em 2022. Muitas delas, como Pedro, de 49 anos, carregam as marcas desse período por toda a vida.

Pedro começou a usar drogas aos 14 anos, movido pela curiosidade e pelo desejo de se enturmar. Três décadas depois, o vício quase o destruiu. Após uma overdose, ele perdeu 90% da visão. “O vício prejudicou minha vida pessoal e profissional. Me afastei das pessoas, decepcionei quem eu mais amava, perdi a infância da minha filha e nem fui ao enterro da minha mãe”, relata.

Mesmo após várias tentativas frustradas de recuperação, Pedro encontrou no CAPS AD um refúgio e um recomeço. Há seis anos, com apoio da equipe do centro, conseguiu se reerguer. Hoje, é dono de uma confecção e estudante do quarto ano de psicologia. Seu maior objetivo é ajudar outras pessoas a superarem a dependência química. “Quero devolver um filho para sua mãe, um pai para seu filho e ajudar a ressignificar vidas”, emociona-se.

Acolhimento e tratamento em Balneário Camboriú

Desde 2014, o CAPS AD de Balneário Camboriú oferece suporte a pessoas que lutam contra a dependência química. O centro trabalha com atendimento individual, grupos terapêuticos e oficinas, auxiliando os pacientes a reconstruírem suas vidas.

Segundo a psicóloga Ana Lúcia Azevedo Dias, o primeiro passo no tratamento é o acolhimento. “Fazemos um Plano Terapêutico personalizado, com atividades que ajudam a resgatar o senso de pertencimento, fortalecer o diálogo e possibilitar a recuperação”, explica.

Mais de cinco mil pessoas já buscaram atendimento no CAPS AD nos últimos 10 anos. Além do serviço municipal, outras alternativas de apoio são os grupos de Alcoólicos Anônimos (AA) e Narcóticos Anônimos (NA), que oferecem suporte mútuo para quem deseja se libertar da dependência.

“Se a pessoa percebe que não consegue mais controlar o uso da substância e que isso está afetando sua vida pessoal e profissional, é hora de buscar ajuda”, alerta a psicóloga.

A dependência química é uma doença que pode ser tratada. Com apoio especializado e redes de suporte, histórias como as de João e Pedro provam que a recuperação é possível.

Os nomes utilizados são fictícios para preservar a identidade dos entrevistados.

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