Pane na elevatória da rua 3700 foi atribuída a sucessivos erros operacionais e negligência técnica acumulada
A sindicância aberta pela Empresa Municipal de Água e Saneamento de Balneário Camboriú (Emasa) para apurar o extravasamento de esgoto na Estação Elevatória da rua 3700, ocorrido em 12 de julho, apontou uma série de falhas que contribuíram diretamente para o incidente. O relatório final, divulgado nesta quinta-feira, 25, identificou problemas técnicos, falta de manutenção e armazenamento inadequado dos equipamentos como principais causas da paralisação da estação.
A Estação Elevatória 08, localizada na rua 3700, é considerada uma das mais importantes do sistema, pois recebe o esgoto de toda a região norte da cidade, bombeando-o até a Estação de Tratamento (ETE) Nova Esperança. O extravasamento ocorreu após a queima simultânea das quatro motobombas disponíveis: duas em funcionamento e duas reservas.
De acordo com o diretor técnico da Emasa, Jefferson Andrade, os problemas começaram com a queima de uma bomba no dia 1º de julho. A bomba reserva foi acionada, mas apresentou falhas dois dias depois. No dia 11, a segunda bomba em funcionamento também queimou. Com a troca pela última reserva, que entrou em operação no dia seguinte, o sistema voltou a falhar. “As quatro bombas queimaram em 15 dias”, relatou Andrade.
O relatório técnico apontou como causa a infiltração de água nos motores, decorrente da perda de vedação. O ressecamento das vedações teria sido provocado pela exposição prolongada das bombas reservas ao tempo, em uma área sem cobertura, até dezembro de 2024. “Apesar de serem bombas lacradas, a exposição ao tempo pode ter comprometido as vedações, o que acabou permitindo a entrada de água e, consequentemente, a queima dos motores”, explicou o diretor técnico.
Ainda segundo ele, três das bombas foram adquiridas entre 2015 e 2017, estando próximas ou além da vida útil recomendada, que varia de 7 a 10 anos. “Apenas uma das quatro bombas que queimaram foi adquirida nos últimos oito anos. As demais já estavam no limite do uso”, acrescentou Andrade.
Outro ponto destacado na sindicância foi a ausência de um plano de manutenção preventiva e preditiva, o que impediu diagnósticos antecipados. “Até o final do ano passado, essas bombas reservas estavam expostas ao tempo e a produtos químicos. Isso comprometeu o funcionamento delas quando foram reativadas”, concluiu.
Mesmo sem previsão orçamentária específica, a atual gestão anunciou a aquisição emergencial de 16 novas bombas submersíveis, que estão em fase de fabricação e têm previsão de entrega entre quatro e seis meses. O investimento é parte de um plano de reestruturação do sistema de saneamento.
Também está sendo avaliada a construção de um novo almoxarifado técnico, coberto e climatizado, para garantir o armazenamento adequado de peças e equipamentos. Uma cobertura provisória já foi instalada no pátio para evitar danos a materiais de reposição.
O diretor-presidente da Emasa, Auri Pavoni, afirmou que o episódio revelou falhas acumuladas ao longo dos anos e reforçou a necessidade de mudanças estruturais. “O que aconteceu na elevatória da rua 3700 é reflexo de anos sem planejamento técnico adequado. A sindicância nos deu o diagnóstico necessário para agir com firmeza. Não vamos mais depender de soluções improvisadas”, afirmou Pavoni.
Ele também garantiu que o sistema foi restabelecido no mesmo dia, com o trabalho intenso da equipe técnica. “A situação foi resolvida de forma emergencial, mas a lição foi aprendida. Vamos trabalhar para entregar uma Emasa moderna e eficiente para a população de Balneário Camboriú”, completou.
A empresa informou ainda que as conclusões da sindicância serão utilizadas como base para uma política de manutenção permanente e para a modernização do sistema de bombeamento da cidade.